segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Roberto I


Você disse para mim: "Eu te amo. E faço isto porque sou egoísta. Porque sei como me faz bem te amar". Respondi: "Eu também te amo. E sinto isso porque não consigo sentir diferente. Porque não sei mais como é não te amar".

A vidinha no interior II


A família está crescendo, Murilo nasce em março, e a consequência disso é uma reforma na casa. Uma parte do jardim vai deixar de existir para dar espaço à ampliação da casa. Nesse pedaço do jardim havia um coqueiro que foi derrubado por uma moto-serra escandalosa e eficiente. A missão foi barulhenta e terminou com uma farra de água de coco. Mais ou menos uma hora depois, quando a moto-serra já estava silenciada e o coqueiro já tinha ido abaixo, o vôo confuso e o canto angustiado de bem-te-vis chamou a atenção: o coqueiro não existia mais! Deu vontade de chorar.

A vidinha no interior I


À 146 km de Salvador, no recôncavo baiano, com aproximadamente 60 mil habitantes, está a cidade que moro desde maio. Eu adoro Salvador, seus "busus" fedorentos, expelindo fumaça preta, o lotado Shopping Iguatemi de véspera de Natal, o Farol da Barra cheio de gringos e prostitutas, o engarrafamento abafado do Rio Vermelho, e também os restaurantes charmosinhos com menu de grandes cifrões, o trem da Calçada e sua vista deslumbrante, os shows de mpb em manhãs deliciosas no Parque da Cidade. Eu adoro! Mas gosto cada vez mais dessa vidinha de interior. Vidinha mansa, sem grandes preocupaões, quase tudo se resolve de bicicleta. Todo mundo se conhece - nem que seja "de vista" -, os semblantes são despreocupados, os hábitos são diurnos, solares, bate-papos descontraídos pontuam sempre as esquinas e, eu suponho, que talvez aqui as pessoas sofram menos de solidão. Mas nasci no Hospital Espanhol, "de frente para o mar", como romantiza Raul. E, coincidência ou não, confesso que ficar longe de praia é a parte realmente ruim dessa vidinha no interior.