Murilo

Ah, meu passarinho! Quero tanto te ver que os dias não passam... se arrastam!

Andei pensando...

A vida nos oferece tantas possibilidades, tantos caminhos, tantas opções, tantas chances, que a gente acaba fazendo besteira.

Barriga.

Ah, esta barriga! Já completei o oitavo mês de gestação e vai ficando mais e mais difícil "carregar" esse barrigão. Estou impressionada com minha dificuldade para fazer as coisas mais simples. Subir uns quatro ou cinco degrauszinhos parece triatlo. Dormir é um acontecimento! Não tem posição que acomode a dita cuja e perde-se a conta da quantidade de vezes que é necessário levantar da cama para fazer o incontido"pipi". Aliás, "pipi" é a minha atividade mais frequente. Acreditem: gravidez é coisa para heroína, é coisa que só mulher mesmo para dar conta, é coisa para nós, o "sexo forte".

Hoje.

De manhã, eu cochilava sozinha, refrescada com um ventilador potente, chovia forte, chuva gostosa de verão. De tarde, eu e você, testas franzidas, em silêncio, calor, e lá longe uma pipa modesta agitava meu olhar enquanto rebolava no céu azul. Às vezes é assim, desconfortável e quente.

Desejo.

Ainda não descobri se desejo de grávida é puro capricho, devaneio, ou idéia fixa de uma mania sem fundamento. Mas dia desses fui tomada por uma vontade incontrolável de comer macorronada acompanhada por café com leite. Um cardápio no mínimo esquisito, que eu "tracei" com todo prazer e sem indigestão alguma.

Roberto II

"Antes de mí tu no eras tu, antes de ti yo no era yo ."

Você mudou minha vida. Sei que a sua também não é a mesma...

Primípara.

Primípara: "Diz-se da fêmea que tem o primeiro parto."

Essa sou eu. Desde muito antes de imaginar que teria um filho, eu achava que a gravidez era um sonho, um conto de fadas. Mas, puxa vida!, não é bem assim! Primeiro demora-se um tantinho - quase um tantão - para "cair a ficha" de que há uma pessoinha dentro do seu corpo. Daí quando "a ficha cai" parece que um caixote imenso cheio de medos e preocupações é posto sob seus olhos. Na sequência, num banho qualquer, você leva um susto quando passa o sabonete na barriga e se dá conta do volume que apareceu ali. E parece que durante toda a gestação nunca dá para acostumar-se com essa barriga que fica mais e mais saliente. Mais saliente e incovenientemente pesada, a coluna dói, dói muito, dá vontade de chorar. Sim, é verdade, chora-se por tudo. Grita-se por tudo também. Às vezes receio desidratar de tanto que choro. Eu tinha a falsa impressão que a gravidez só deixava a mamãe "relax" e felizinha, mas na verdade é como uma TPM triplicada! Coisinhas me deixam com raiva, com mais raiva e mais raiva. Um obstetra me tranquilizou: "Agora você não é mais você, seus hormônios estão descompensados, você está à flor da pele, chorar muito e sentir tanta raiva é natural nesse momento". Ufa! Assim posso me sentir menos maluca!